Biopolítica e governamentalidade na gestão cotidiana dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil: um estudo historiográfico

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.37511/tesis.v18n1a5

Resumen

Este artigo tem como objetivo primeiro chamar a atenção para a efemeridade do conceito de b iopolítica nos escritos de Foucault. Investigaremos inicialmente a ascensão, as transformações, o declínio e o desaparecimento deste conceito, principalmente nos cursos Segurança, território e população (1977-1978) e O nascimento da biopolítica (1978-1979), focando especialmente na passagem para o conceito de governamentalidade. A partir desse exame, nosso objetivo é utilizar as suas últimas formulações para entender os modos de gestão presentes nas práticas psi, entendendo-as, conforme autores como Foucault ou Rose, como liberais ou neoliberais. Dentre as práticas psi, destacaremos as presentes em dispositivos da Reforma Psiquiátrica Brasileira, como os Centros de atenção psicossocial, existentes desde os anos 1980. Para tal, apresentaremos para o leitor estrangeiro as linhas gerais da Reforma Psiquiátrica Brasileira e seus dispositivos, a fim de tentarmos uma análise das formas de gestão, presentes por meio dos conceitos de governamentalidade liberal e neoliberal. Essa análise será empreendida por meio da análise de prontuários que registram os modos cotidianos de condução dos casos que se passam no interior dos Centros de atenção psicossocial. Considerando a possível existência de distintos modos de governamentalidade, discutiremos, na conclusão, os sentidos deste governo pela liberdade, a própria pertinência do termo liberal para designar estes modos, além de uma possível taxonomia dos modos de governamentalidade psi.



Descargas

Los datos de descarga aún no están disponibles.

Biografía del autor/a

  • Arthur Arruda Leal Ferreira, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em. Psicologia Clínica pela PUC-SP.

  • Marcus Vinícius do Amaral Gama Santos, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Mestre em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social (EICOS) do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

  • Rafael de Souza Lima, UniversidadeFederal do Rio de Janeiro (UFRJ)

    Doutorando e Mestre em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia do instituto de Psicologia da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

  • Nina Wettreich Goldbach, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

    Graduanda. em Psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

  • Iohanna Sanches Grammatikopoulos, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Graduanda em Psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro

  • Elen Cougil da Cunha, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ

    Graduanda em Psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. (UFRJ

  • Luana Oliveira Clemente, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Mestrado (Instituto de Psicologia) Universidade Federal do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, BR

Referencias

Agamben, G. (2002). Homo sacer. Editora UFMG.

Amarante, P. (1995). Loucos pela vida: A trajetória da reforma psiquiátrica no Brasil. Fiocruz.

Amarante, P., e Torre, E. H. G. (2018). “De volta à cidade, sr. cidadão!” - Reforma Psiquiátrica e participação social: do isolamento institucional ao movimento antimanicomial. Revista de Administração Pública, 52, 1090-1107.

Caliman, L. (2002). Dominando corpos, conduzindo ações. Genealogias do Biopoder em Foucault. UERJ .

Deleuze, G. (1992). Conversações. Editora 34.

Esposito, R. (2011). Bíos: biopolítica e filosofia. Amorrortu.

Ferreira, A. A. L., Padilha, K., Starosky, M., e Nascimento, R. C. (2012). The question of freedom in the psychiatric reform process: A possible presence of neoliberal governance practices. Neoliberalism and Technoscience, 139-156.

Ferreira, A. A. L., Padilha, K., Starosky, M. , e Nascimento, R. C. (2013). Ciudadanía y libertad en los procesos de reforma psiquiátrica brasileña: Un ensamblaje de modos gubernamentales. Boletín de la SEHP, 51, 2-10.

Foucault, M. (1978). História da loucura na idade clássica. Perspectiva.

Foucault, M. (1981 ). O nascimento da medicina social. Em Machado, R. (Org.). Microfísica de Poder (pp. 79-98). Graal.

Foucault, M. (1988). História da sexualidade I. A vontade de Saber. Graal.

Foucault, M. (1996). Omnes et singulatim. Em Morey, M. (Org). Tecnologias del yo (pp. 95-140). Paidós/ICE – UAB .

Foucault, M. (1997). Resumo dos cursos. Zahar.

Foucault, M. (2006). Seguridad, territorio y población (curso de 1977-1978). Fondo de Cultura Económica.

Foucault, M. (2007). Nacimiento de la biopolítica (curso de 1978-1979). Fondo de Cultura Económica.

Foucault, M. (2010). Em defesa da sociedade: curso no Collège de France (1975-1976). Editora WMF Martins Fontes.

Goldman, M. (1998) Objetivação e Subjetivação no último Foucault. Em Castelo Branco, G., e Neves, L. F. B. (ORGs.). Michel Foucault: da arqueologia do saber à estética da existência (pp. 83-101). Nau & CEFIL .

Han, B. (2018). Psicopolítica: o neoliberalismo e as novas técnicas de poder. Editora Âyiné.

Huertas, R. (2001). História de la psiquiatría, ¿por qué?, ¿para qué?: Tradiciones historiográficas y nuevas tendencias. Frenia, 1(1), 9-36.

Larrosa, J. (2000). A libertação da liberdade. Em Branco, G. C. Branco , e Portocarrero, V. (Eds.). Retratos de Foucault (pp. 328-335). Nau .

Machado, R. (1982). Ciência e saber: a trajetória arqueológica de Michel Foucault. Graal.

Mbembe, A. (2018). Necropolítica. São Paulo: Editora N -1.

Pelbart, P. P. (1990). Manicômio mental: A outra face da clausura. Em Lancetti, A. (Org.). Saúde loucura 2 (pp.131-138). Hucitec.

Rose, N. (1998). Inventing our selves. Cambridge Press.

Rose, N. (2007). The politics of life itself: biomedicine, power, and subjectivity in the twenty-first century. PUP.

Silva, M. B. (2004). Responsabilidade e reforma psiquiátrica brasileira: Sobre a produção de engajamento, implicação e vínculo nas práticas de atenção psicossocial [Dissertação, Saúde Coletiva/IMS] . Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Venâncio, A. T. A., e Cassilia, J. A. P. (2010). A doença mental como tema: uma análise dos estudos no Brasil. Espaço Plural, 22, 24-34.

Veyne, P. (1980). Como se escreve a história? Universidade de Brasília.

Wadi, Y. M. (2014). Olhares sobre a loucura e a psiquiatria: um balanço da produção na área de história (Brasil, 1980-2011). História Unisinos, 18(1), 114-135.

Descargas

Publicado

2023-06-30

Cómo citar

Leal Ferreira, A. A., do Amaral Gama Santos, M. V. ., de Souza Lima, R. ., Wettreich Goldbach, N. ., Sanches Grammatikopoulos, I., Oliveira Clemente, L., Oliveira Martins, Y. ., Gomes Canuto, L. ., Pachela Garcia, M. ., da Silva Quintan, M. C., Farias de Brito , V. ., Coutinho Pereira, M. ., Luíza Pereira Coelho, L. ., & Faria de Menezes, M. . (2023). Biopolítica e governamentalidade na gestão cotidiana dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil: um estudo historiográfico. Tesis Psicológica, 18(1). https://doi.org/10.37511/tesis.v18n1a5