Biopolítica e governamentalidade na gestão cotidiana dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil: um estudo historiográfico
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Biopolítica e governamentalidade na gestão cotidiana dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil: um estudo historiográfico. (2024). Tesis Psicológica, 18(1). https://doi.org/10.37511/

Resumen

Este artigo tem como objetivo primeiro chamar a atenção para a efemeridade do conceito de b iopolítica nos escritos de Foucault. Investigaremos inicialmente a ascensão, as transformações, o declínio e o desaparecimento deste conceito, principalmente nos cursos Segurança, território e população (1977-1978) e O nascimento da biopolítica (1978-1979), focando especialmente na passagem para o conceito de governamentalidade. A partir desse exame, nosso objetivo é utilizar as suas últimas formulações para entender os modos de gestão presentes nas práticas psi, entendendo-as, conforme autores como Foucault ou Rose, como liberais ou neoliberais. Dentre as práticas psi, destacaremos as presentes em dispositivos da Reforma Psiquiátrica Brasileira, como os Centros de atenção psicossocial, existentes desde os anos 1980. Para tal, apresentaremos para o leitor estrangeiro as linhas gerais da Reforma Psiquiátrica Brasileira e seus dispositivos, a fim de tentarmos uma análise das formas de gestão, presentes por meio dos conceitos de governamentalidade liberal e neoliberal. Essa análise será empreendida por meio da análise de prontuários que registram os modos cotidianos de condução dos casos que se passam no interior dos Centros de atenção psicossocial. Considerando a possível existência de distintos modos de governamentalidade, discutiremos, na conclusão, os sentidos deste governo pela liberdade, a própria pertinência do termo liberal para designar estes modos, além de uma possível taxonomia dos modos de governamentalidade psi.



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